Considerados por muitos como espaços preferencialmente masculinos, os estádios de futebol e as torcidas organizadas são locais em que a participação das mulheres vem aumentando nos últimos anos. No entanto, ainda há um longo caminho à frente para que a presença feminina seja aceita sem restrições.
Para a gerente financeira Ivani de Souza Medrado, 52 anos, sócia da torcida organizada do Corinthians “Gaviões da Fiel” desde 1976, o futebol e tudo que o cerca ainda é machista. Ela diz que na época em que começou a frequentar os estádios e a torcida organizada o número de mulheres envolvidas com o esporte era escasso: “Eram poucas. O futebol era e é até hoje totalmente machista! ”.
Para a gerente financeira Ivani de Souza Medrado, 52 anos, sócia da torcida organizada do Corinthians “Gaviões da Fiel” desde 1976, o futebol e tudo que o cerca ainda é machista. Ela diz que na época em que começou a frequentar os estádios e a torcida organizada o número de mulheres envolvidas com o esporte era escasso: “Eram poucas. O futebol era e é até hoje totalmente machista! ”.
Ivani revela que em uma conversa com Flávio La Selva, fundador da Gaviões da Fiel, ela o questionou sobre a presença de mulheres nas arquibancadas. De acordo com ela, Flávio respondeu: “O torcedor corintiano não tem sexo, tem alma e coração”. Isso serviu de incentivo para que ela passasse a frequentar a sede da torcida até hoje.
Torcedoras na arquibancada da Arena Corinthians. (Foto: Edson Santos) |
A estudante Karin Trindade, de 22 anos, também é sócia da torcida organizada Gaviões da Fiel e frequenta os estádios desde os 3 anos de idade. Incentivada pelo pai, a jovem afirma que o machismo ainda faz parte da torcida. “Infelizmente, o tratamento das mulheres dentro das organizadas é bastante machista”, diz a jovem. “Ele está tão enraizado que as próprias mulheres acabam reproduzindo o machismo sem conseguir enxergar que aquilo está errado. A mulher possui o seu espaço, porém, não são disponibilizados os mesmos acessos permitidos aos homens”.
A são-paulina Camila Magalhães, 25 anos, sócia da Independente, do São Paulo, explica uma das dificuldades em frequentar esse tipo de ambiente: “Não é fácil pertencer a uma torcida organizada. Existe o lado da proteção, porque ninguém vai ‘meter a banca com mina de torcida’, mas nós não somos amparadas o tempo todo. Sozinhas, é melhor sermos são-paulinas, corintianas, palmeirenses e santistas – o que já é muito - do que pertencer à torcida X ou Y”.
Camila, que frequenta as arquibancadas desde 2006, aconselha as mulheres que pretendem se associar a alguma organizada a procurar conhecer aos poucos, saber a história antes de se associar, para ver se é aquilo mesmo que elas querem. “Torcida é um amor que resiste. Resiste ao Estado, resiste aos erros dos representantes e de quem se utiliza do nome da entidade para cometer atrocidades.Se depois disso tudo ela realmente quiser entrar, que procure pessoas com pensamentos parecidos com os dela. Na organizada, fiz amigos para toda a vida. E aprendi muitas lições também!”
Embora a participação das mulheres nas organizadas tenha aumentado nos últimos anos, dificilmente serão encontradas mulheres na diretoria de uma delas. Ainda há muito para se mudar a percepção de que a presença feminina no estádio não apenas embeleza as arquibancadas, mas representa uma bem-vinda mudança de paradigma num esporte predominantemente masculino.
Reportagem Edson Santos e Guilherme Cunha
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